
ATIVIDADE APÍCOLA
No mundo e no Brasil
Por Giovana Moretto
As abelhas existem há pelo menos 100 milhões de anos de acordo com pesquisas arqueológicas ou seja antes menos do surgimento do homem elas já existiam. Antes do desenvolvimento da apicultura o homem realizava uma “caçada ao mel”, já que tinha que procurar e localizar os enxames os quais localizavam-se em locais de difícil acesso fazendo com que os coletores corressem riscos, e o alimento consumido não era o mel puro como consumimos hoje em dia e sim uma mistura de crias, pólen, cera e mel pois não se tinham os conhecimentos de como realizar a separação deles.
Quanto ao desenvolvimento da apicultura, de acordo com documentos de vários historiadores, remonta ao ano 2.400 a.C., no antigo Egito. Entretanto, arqueólogos italianos localizaram colmeias de barro na ilha de Creta datadas, aproximadamente, de 3.400 a.C. De qualquer forma, até onde se registra, o mel já era utilizado desde 5.000 a.C. pelos sumérios (ROCHA S. J, 2008).
Podemos compreender um pouco das fazes da história da apicultura no Brasil com o prefacio escrito por Warwick Estevam Kerr do livro Manual de Apicultura (CAMARGO, 1972):
Informei que a cultura das abelhas no Brasil tem cinco fases distintas: A primeira, anterior a 1840, em que só se cultivavam Meliponíneos; no sul as mandaçaias, mandaguaris, tuiuvas, jatais, manduris e guarupus; no nordeste a uruçú, a jandaíra e a canudo; no norte a uruçú, a jandaíra, a uruçú-boca-de-renda e algumas outras.
A segunda fase começa em 1840, com a introdução no Brasil de Apis mellifera mellifera, que tornou na nossa abelha "europa", ou "abelha-do-reino" e que, devido à transferência de tecnologia, impasse como a abelha produtora de mel. De 1845 a 1880, com a migração dos alemães, várias colônias de Apis mellifera mellifera foram trazidas da Alemanha e teve início a apicultura nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo (Limeira, Piracicaba, São Carlos).
Uma terceira fase tem início mais ou menos em 1940, com os primeiros movimentos associativos: a comercialização começa a se fazer sentir, porém, só recentemente é que ela está sendo bem organizada.
A quarta fase vai de 1950 até 1970. Nestes 20 anos, um grupo de pesquisadores de São Paulo, Curitiba, Piracicaba, Rio Claro, Ribeirão Preto, Araraquara, Florianópolis, Taquari e Pindamonhangaba, põe o Brasil no mapa mundial das investigações científicas apícolas, constituindo-se atualmente num dos maiores grupos de cientistas especializados neste campo no mundo todo. Nesta fase é introduzida a abelha africana para fins de cruzamentos, segregações de linhagens que aliem suas boas propriedades às boas propriedades das melhores linhagens italianas. Um acidente em sua manipulação provocou a enxameação de 26 colméias, que iniciaram a africanização da apicultura brasileira. Seu efeito foi drástico entre 1963 a 1967. Todavia, o grupo de pesquisas, com a colaboração dos apicultores, conseguiu entre 1965 e 1970 resolver o problema, pelo menos do ponto de vista do retorno à produção. Até 1970 foram realizadas as Semanas de Apicultura e Genética de Abelhas de números 1, 2 e 3.
O problema da abelha africana e a aliança entre apicultores e cientistas indicam que se inaugurou uma quinta fase na Apicultura Brasileira, de 1970 para cá: é a fase em que juntos, cientistas, apicultores e governo, de mãos dadas, passam a resolver vários problemas da apicultura (ROCHA S. J, 2008).
O apiário
O apiário é o local onde localizam- se as colmeias das abelhas, ele deve ser bem planejado para facilitar o manejo. Deve-se pensar em todos os detalhes dele, começando por sua localização a qual deve ser próximo de flora, lembrando que ela deve ser a mais especifica para essa abelha, e longe de zona barulhentas e com poluição pois ambas interferem no bem estar e produtividade e delas.
O local de preferência deve ser em local plano, facilitando o acesso do apicultor, e deve ter sombra: podendo ser natural, através de árvores que de predileção não tenham queda de folhas ocorrendo assim o sombreamento durante todo o ano, ou de maneira artificial com proteções em cima das colmeias. A sombra é extremamente importante pois através dela ocorre o controle das temperaturas ideais dentro das colmeias ( sendo muito importante para o desenvolvimento da cria, se não ocorrer o controle da temperatura é possível o nascimento de abelhas deformadas, ou com baixa produtividade ou até mesmo a sua morte), facilitando o manejo para os apicultores que não irão sofrer com altas temperaturas e que trabalharão com abelhas menos reativas, e sabe-se que altas temperaturas no interior das colmeias podem afetar a qualidade do mel, podendo alterar seu teor de umidade, seus índices de hidroximetilfurfural (HMF - o HMF é um composto orgânico produzido durante a transformação do néctar em mel, e seu teor (cujo valor máximo permitido pela legislação brasileira é 60 mg kg-1) é um dos principais fatores de avaliação da sua qualidade. O aquecimento do mel ou sua exposição a temperaturas elevadas durante a produção, colheita, extração, envase, armazenamento ou transporte causa a elevação do índice de HMF.)2 e seu conteúdo de enzimas. (RIBEIRO, M. F., et al., 2019).
A oferta de água é de extrema importância pois é necessária para a manutenção dos indivíduos da colônia e também para a manutenção da umidade relativa do ar (UR) dentro dela sendo que influência na taxa de eclosão de ovos, essa oferta pode ser de maneira natural através de rios e riachos próximos do apiário, ou de maneira artificial com bebedouros para abelhas, lembrando que estes devem ser limpos com regularidade. E lembrando também que a água ofertada deve ser boa qualidade, limpa e isenta de contaminações por agentes biológicos (bactérias, fungos, protozoários) ou por produtos químicos. Quando a UR está baixa dentro da colmeia as abelhas tem como estratégia o aumento da coleta de água para normaliza-la.
A habitação das colmeias se dá em caixas racionais as quais possuem medidas padronizadas com o intuito de realizar a exploração apícola, ou sejam que facilitem o manejo de maneia que as abelhas mantenham o máximo de bem estar possível. O modelo de caixa mais utilizada no mundo é a Langstroth, pois atende às necessidades biológicas da abelha melífera. Ela é constituída por um fundo, um ninho, duas melgueiras e uma tampa. Lembrando que ela deve ser feita de madeira leve, não empene e que não apresente cheiro forte pois pode afastar as abelhas, e a pintura deve ser em cores claras para não aumentar a reatividade delas como ocorre com cores mais escuras. As colmeias devem ser apoiadas em suportes de madeira, metal ou alvenaria.
Materiais usados na apicultura
Os materiais usados auxiliam no manejo auxiliam o apicultor no manejo como também o protegem como é o caso dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) sendo estes: o macacão, o qual deve cobrir todo o corpo e deve ser de material resistente e não muito quente e nele pode ou não ter uma máscara acoplada; a máscara que deve proteger o rosto é feita de matéria telado e tem um chapéu em sua parte superior; a luva que pode ser de diversos matérias; a bota que pode ser de couro ou de plástico, podendo ser de cano médio ou longo lembrando que o macacão deve ficar dentro dela.
E matérias que auxiliam no manejo temos: o fumigador, através da queima de por exemplo casca de café fumaça com o intuito de diminuir a agressividade das abelhas, quando elas percebem a presença de fumaça acham que está ocorrendo um incêndio e voltam para a colmeia e alimentam- se com o máximo de mel possível caso precisem fugir, com esse aumento de volume no seu papo elas não conseguem curvar- se não podendo picar, lembrando que ele deve ser muito bem manejado pois se gerar muita fumaça pode levar a morte de abelhas desnecessariamente; o formão ferramenta em forma de “L” com as extremidades afiadas, usada para abrir as colmeias, retirar os quadros e raspar a própolis.
CAMARGO, J. M. F. Manual de apicultura. São Paulo: Agronômica Ceres, 1972.
RIBEIRO, M. F., et al. Apicultura e meliponicultura. In: MELO, R. F.; VOLTOLINI, T. V. Agricultura familiar dependente de chuva no Semiárido. Brasília, DF: EMPRAPA, 2019. P. 333-364.
ROCHA, J. S. Manual Técnico 05: Apicultura. Niterói, RJ. 2008.